
Treinar com potência ou por sensações: o que funciona melhor para ciclistas amadores?

Imagina a cena: dois ciclistas lado a lado. Um olha fixamente para o ecrã do potenciómetro, a calcular watts e zonas de treino com toda a precisão. O outro sorri, sente o vento na cara e acelera “porque hoje as pernas estão a pedir”. Qual dos dois está a treinar da melhor forma?
Esta é uma dúvida comum entre ciclistas amadores: deve-se treinar com base em potência (medida em watts) ou confiar apenas nas sensações? A resposta não é tão simples quanto parece, mas vamos explorar as vantagens e desvantagens de cada abordagem — e, no fim, perceber porque talvez não tenhas de escolher apenas uma.
O treino por potência: ciência ao serviço da performance
Treinar com um potenciómetro significa medir com exatidão a força aplicada nos pedais. Com esta informação, é possível determinar o FTP (Functional Threshold Power) e definir zonas de treino muito específicas.
Vantagens:
- Dados objetivos e quantificáveis: sabes exatamente a carga que estás a fazer.
- Planeamento estruturado: ideal para preparar provas de estrada, contrarrelógio ou Granfondos.
- Controlo da evolução: consegues comparar treinos e monitorizar melhorias ao longo do tempo.
Desvantagens:
- Custo elevado: potenciómetros continuam a ser um investimento significativo.
- Curva de aprendizagem: requer conhecimento para interpretar métricas como NP, IF ou TSS.
- Dependência da tecnologia: muitos ciclistas sentem-se “perdidos” quando ficam sem números.
O treino por sensações: ouvir o corpo em cada pedalada
Também chamado de RPE (Rate of Perceived Exertion), o treino por sensações baseia-se no esforço percebido. É o método mais antigo e, até hoje, usado por muitos atletas de elite como complemento.
Vantagens:
- Gratuito e acessível: não precisas de gadgets caros.
- Maior conexão com o corpo: aprendes a reconhecer sinais de fadiga, força e recuperação.
- Muito útil em provas longas, quando a mente e o corpo contam tanto como os números.
Desvantagens:
- Subjetivo: o que parece “leve” num dia pode parecer “pesado” no dia seguinte.
- Mais difícil medir evolução com precisão.
- Risco de exagerar em treinos intensos ou de treinar abaixo do necessário.
O equilíbrio ideal: combinar watts e feeling
A verdade é que não existe resposta única. O melhor método depende do teu nível, objetivos e recursos. Mas, para a maioria dos ciclistas amadores, a combinação das duas abordagens é o que faz mais sentido.
Usa potência para estruturar treinos intervalados, avaliar progressos e controlar carga.
Usa sensações em voltas longas, dias de recuperação e provas, onde o corpo nem sempre responde como está no papel.
Se não tens potenciómetro, o frequencímetro pode ser um bom meio-termo entre ciência e perceção.
Mini guia prático
Ciclistas de estrada: intervalos com potenciómetro durante a semana + longas voltas ao fim de semana guiadas por sensações.
Ciclistas de Granfondo: usar watts para controlar ritmo em subidas, mas deixar espaço para aproveitar a experiência.
Triatletas: potência no treino de bike para otimizar transições, mas aprender a ouvir o corpo é crucial para a corrida que vem depois.
No fim, seja a olhar para o contador de watts ou simplesmente a sentir o corpo, o que realmente importa é a consistência no treino. Potência e sensações não são rivais — são aliados.
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